sexta-feira, 24 de abril de 2009

Quem manda o quê



A primeira coisa que agente aprende quando entra na faculdade de jornalismo, é que a imprensa em qualquer lugar do mundo é o quarto poder. Sim, o quarto poder, por que existem outros três: O Legislativo – que faz as leis. O Executivo – as ‘executa’. E o Judiciário que aplica as leis e fiscalizam as ações do executivo.

E a mídia, a imprensa é o único poder que pode exaltar ou denunciar qualquer um dos outros três, descobrindo corrupções, tráfego de influências, cartéis e tantas outras irregularidades nesse ‘Brasil varonil’ que só caíram no conhecimento da população através da mídia.

É claro, existem linhas editorias distintas em cada veículo de comunicação, algumas tendenciosas, outras idôneas, na maioria das vezes seguindo os interesses econômicos da empresa. Mas no geral segue-se apenas um único padrão.

Quem não lembra da campanha da Rede Globo em prol do então candidato à presidência da república Fernando Collor de Melo. Ele tinha uma família política conhecida, seu avô foi Deputado Federal pelo Rio Grande do Sul, seu pai foi Governador de Alagoas e ele não passava de mais um da ‘baixa plebe’ política brasileira, sendo Prefeito de Maceió. Foi ai que entrou em cena o “Caçador de Marajás”, era assim que Collor ficou conhecido através de uma assessoria de marketing prestada pela rede Globo, ao noticiarem sua perseguição à funcionários públicos que recebiam altos salários e desproporcionais do governo alagoano.

Pedro Bial relata no livro sobre a Biografia de Roberto Marinho que como Lula representava uma “ameaça socialista” para época, não restou outra opção à Rede Globo a não ser apoiar Collor, e Marinho assumiu isso publicamente.

Após diversas séries de planos econômicos atrapalhados, culminando com o confisco da poupança há exatos 19 anos atrás, Collor enfrentou o pior inimigo que poderia ter, a própria Globo. Ela mesmo que o elegeu, iniciou série de reportagens contra Collor, que meses depois, incentivou movimentos populares que culminaram com seu impeachment. Tudo ‘obra’ da Globo!

Brizola, outro nome forte da política nacional que nunca se elegeu Presidente. Por Quê? Por que ele era totalitariamente contra as Organizações Globo. Isso mesmo, em uma de suas campanhas para assumir o Palácio do Planalto falou em entrevista: “Se eu me eleger um dia, no outro casso a concessão da TV Globo”. Como diz o ditado: “Uma andorinha só não faz verão”, e assim Brizola nunca conseguiu sua eleição, não tinha força para lutar contra o poder de Roberto Marinho e da sua rede, a quarta maior do mundo.

E por um acaso alguma vez você deixou de olhar a Globo por isso? Não. E todo ano acontece isso em algum lugar do Brasil, a Globo influencia na economia, na política, na cultura. Com suas 121 afiliadas, a família Marinho cobre 99,7% do Brasil. Sua programação, vai da Ana Maria Braga, passando pelo Jornal Nacional, chegando ao Programa do Jô. O horário nobre entre as 20h30 e 21h30 é espaço publicitário mais cara da América Latina. Mesmo assim a Globo não deixa de ser o sonho de qualquer estudante de jornalismo. Suas novelas ditam o padrão da moda pop. Seus programas de entretenimento moldam a cabeça das nossas crianças e por ai vai uma imensa alienação.
Mas não quero me prender a Rede Globo, usei seus exemplos apenas para explicar o que é o quarto poder e sua importância, que acontece em qualquer esfera, nacional, estadual e até mesmo municipal.

Outro caso é o de Tim Lopes, todo mundo lembra do repórter que desvendou quadrilhas de tráfico e prostituição infantil no Rio de Janeiro? Ele estava concluindo uma matéria sobre estes mesmo assuntos em um baile funk num morro carioca, foi descoberto, torturado, assassinado e seu corpo queimado. O tráfico calou a boca do Globo matando Tim? Novamente NÃO.

Após acharem seu corpo enterrado num terreno baldio no morro, a PM iniciou uma das maiores ofensivas ao tráfico, que resultou na prisão de “Elias Maluco”, mandante do assassinato de Tim, ele era o n° 1 do tráfico na época, e toda sua quadrilha também foi presa, estando até hoje atrás das grades.

Por isso afirmo: Não há limites para a imprensa! Não há impunidade que não venha à tona. Não importa a pressão, os bate-bocas de uns e de outros, um zum zum zum daqui ou dali. Independente dos interesses da empresa, do veículo de comunicação, ou do patrocinador, a verdade sempre aparecerá.

Lembre-se: “Não se preocupe com o BARULHO dos RUINS. Mas preocupe-se sim, com o SILÊNCIO dos BONS”.

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