quinta-feira, 2 de abril de 2009

Nos tempos do Colégio!


Na última semana lendo uma notícia que correu o Brasil e foi destaque nas grandes mídias sobre três garotos de 14 anos que filmaram com um celular um deles protagonizando cenas de sexo com uma garota de 11 anos, na cidade de Ibirubá no planalto gaúcho, fiquei pensando: O que exatamente está acontecendo com o que chamávamos de valores? As coisas não só tomaram um rumo adverso no Brasil, como no mundo também. Não há mais paz, o consumo de drogas tomou conta e passou a afligir a sociedade, a crise financeira atinge famílias, e a educação foi esquecida.

A inclusão digital e os avanços tecnológicos permitem que qualquer um filme o que quiser, quando quiser, a hora que quiser, e ainda compartilhe todos os conteúdos com uma série de amigos através da tecnologia ‘bluetooth’.

O ‘filmezinho’ que era uma brincadeira, passou de celular em celular, até que alguém passou para um computador, colocou na internet e ‘pimba’ o mundo estava vendo. Em um tópico numa comunidade do Orkut que interrogava como o pessoal ficou sabendo deste vídeo, as respostas foram: lista de e-mails, youtube, site de vídeos amadores, fóruns no orkut, blogs e etc. Assim em 1 hora o Brasil, e um aparte do mundo já tinha assistido as cenas dessas crianças, assim posso chamar.

A família da menina, de 11 anos, teve que se mudar de Ibirubá, cidade de pouco mais de 15 mil habitantes, onde todos se conhecem. A menina e família estavam sendo motivo de piadas. Mas não fugimos longe do ninho, aqui em Butiá ano passado, já aconteceu caso parecido, porém a repercussão foi bem menor que esta.

E agora me pergunto de quem é a culpa? Da sociedade? Da cultura popular, que prima músicas com ‘Pirigueti’, ‘Di Sainha’ e ‘Quer Boleti’ mais tocadas em festas, rádios e carros de som? Ou dos pais que nunca conversaram com os filhos sobre educação sexual ou coisas do tipo?

Olha que não sou tão velho, mas em 1998 quando tinha 11 anos e até os 14 mais ou menos, as ‘festinhas’ da turma eram assim: Os guris levavam um refri e as gurias um prato de comida. Tudo da pior qualidade sempre... hehehe! O anfitrião sempre dava os copinhos de plástico e as bacias pra se colocar os salgadinhos. Nosso estômago, no final da festa, pareciam feito de concreto devido a mistura de tang gaseificado e isopor com sal.

Reuníamo-nos aleatoriamente na casa de um, de outro, sem nenhuma bebida alcoólica. O ‘bailinho’ começava com músicas do tipo: Tchê Garotos Geração 2000, SPC, Skank, Trilha de Novelas e por ai ia, mas sempre nessa linha. A maior esperança era de se conseguir um beijo de uma guria ou outra, mas a mais desejada era aquela que se gostava em segredo.

Lembro até hoje (com um sorriso no rosto, confesso) como toda a coisa se desenvolvia. Os celulares não eram populares, a tecnologia restrita, o mais moderno dava pra mandar um torpedo SMS, mas isso dificilmente acontecia. Normalmente paqueras começavam por cartas, bilhetinhos ainda na aula que um amigo entregava para guria.

O ‘bailinho’ era espalhado no boca-a-boca, nada de mailing, MSN, Orkut ou twitter. Às vezes, os mais amigos, fazia o que chamamos hoje de “aquece”. Locavam uma FITA VHS e olhavam um filme antes de ir pra festa, ou já na festa mesmo, mais cedo que os demais convidados.

Era um caldeirão de hormônios em ebulição. Quando tocava aquela musica romântica, a hora mais esperada, o primeiro corajoso escolhia a primeira guria para dançar. Tínhamos táticas de ir em “turminha” ou “solo”. Normalmente o “solo” era aquele que já tinha algum rolinho com alguma guria, aí era só convidar para dançar e tchuns… já ia uma galerinha logo em seguida. Ai de quem tirasse o cd do aparelho de som. Era exumado da festa.

Interessante também era ver como funcionava a engrenagem hormonal dos adolescentes. Primeiro você tinha que tomar AQUELA atitude de levantar a bunda da cadeira, ATRAVESSAR A SALA ou GARAGEM e ir em direção até a guria desejada. Estender a mão e falar “Vamos dançar?!” Era difícil alguém levar um NÃO. Quando a guria não tava a fim, ela dançava uma música, com o corpo bem distante do menino, e depois voltava para o lugar. Mas quando ela queria dançar era mais interessante ainda. Começávamos dançando numa distância corporal razoável e, música após música, agente ia se abraçando mais. Presumo que eram preciso quatro músicas para estar no momento “enrolado quase beijando”. E, a partir da quarta música, era um momento infinito até quando acabasse o ‘bailinho’.

Ahhh, boas lembranças desta época, onde uma dança com uma guria que você gostava representava muita… mas MUITA coisa mesmo. E o beijo então, nem sempre acontecia, mas se acontecia agente ia pra casa flutuando.

E agora? Acabou tudo isso! Acabou a graça do período pré-adolescente, pro adolescente. A libertinagem tomou conta. Nunca houve na história, índices tão altos de jovens grávidas. Perdeu-se a vergonha, perdeu-se a magia de um dos melhores épocas da nossa vida, perdeu-se o respeito, perdeu-se principalmente a inocência!

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