sexta-feira, 29 de maio de 2009

Emergência!



Chegamos ao limite! Ao ponto em que não dá mais para esperar. Quantas famílias terão a sua vida abalada por mais um incêndio? São apenas reuniões daqui, reuniões dali e nenhuma ação concreta para instalar um Corpo de Bombeiros em Butiá! Uma vergonha, um fiasco eu diria.

- As medidas estão sendo tomadas, alguém vai dizer. Mas quais medidas?
Vai vir um caminhão por emenda parlamentar do deputado tal, o prédio poderá ser aqui, os bombeiros poderão ser estes, aqueles. Todas as frases ou notícias publicadas neste jornal possuem verbos conjugados no futuro.

Mas que futuro é esse que demora tanto a chegar, em quanto famílias perdem tudo o quê tem mensalmente.

Será que somente se a casa de um vereador, do prefeito, de alguns secretários incendiarem é que vão sentir na pele o drama que eu pude ver da mãe de família que perdeu tudo na última sexta-feira.

Lágrimas nem saiam mais daqueles pobres olhos, onde o chão servia de consolo pra um corpo sem força, vendo todo seu patrimônio literalmente virar fumaça. Tristeza, dor, raiva tudo isso se mistura em uma hora em que os outros são mais importantes que você mesmo.

Baldes de todos os lados, mangueiras e muita força de vontade. Braços incansáveis pra lá e pra cá, mesmo que sabendo que quase em vão, não desistiria um só minuto.

Sem contar que para tapar esse furo, por uma provável incompetência político-administrativa é necessário contar com a boa vontade de empresas como Copelmi, Fagundes, Tazay, Transkuhn dentre outras que agem solidariamente em todos os incêndios que acontecem aqui.

Você trabalha, paga seus impostos, que não são poucos, junta uma grana, constrói sua casa, ganha alguns móveis, compra outros e dentro segundos vê tudo ir pelos ares, virar carvão, pó e como uma fênix ainda tem que juntar suas poucas forças restantes e começar tudo do zero. Repito, uma vergonha total.

Que a imagem abaixo da moradora que teve sua residência destruída semana passada, não seja apenas mais uma qualquer. Eu e toda comunidade esperamos que sirva para mobilizar nossos representantes que “legislam” e “executam” o poder público por nós e achem uma solução para esse problema emergencial ser de uma vez resolvido!

Desculpe, eu matei seus filhos



Esta semana devido os mais diversos assuntos e acontecimentos, uma grande lacuna ficou aberta para qual deles eu devia direcionar minha opinião. Não dá pra falar só de política, por que fica algo cansativo. Mas não tem como deixar passar em branco o acidente causado pelo deputado paranaense Fernando Ribas Carli Filho, 26 anos, vitimando outros dois jovens.

Ele é boa-pinta. Poderia ser ator. Mas decidiu candidatar-se a deputado porque o pai é prefeito de Guarapuava, no Paraná, e o tio também é parlamentar. Com a mesma idade de um dos rapazes mortos na madrugada do dia 7, o que ele deve ter dito a mãe dos jovens?

Talvez um:
- Perdão por ter causado a morte de seus filhos em segundos.

Mas deveria dizer também:
- Perdão por ter destruído, a 190 quilômetros por hora, o carro onde estavam Gilmar Yared, de 26 anos, e Carlos Murilo de Almeida, de 20. Eu tinha bebido muito. Perdão por não me lembrar de que existe Lei Seca. Perdão por não ter deixado de dirigir, mesmo com 130 pontos na carteira e 23 multas por excesso de velocidade. Perdão por ter violado as leis dos homens. Perdão pela Justiça, que não me punirá porque sou deputado e tenho foro privilegiado.

Yared era estudante de psicologia. Carlos Murilo trabalhava no cinema de um shopping havia cinco meses. Tiveram morte instantânea. Uma testemunha, viu da janela de casa. Disse que o carro do deputado estava tão veloz que decolou e passou por cima do outro. Pedaços dos carros ficaram espalhados na rua por 100 metros. O carro das vítimas virou uma massa retorcida, sem teto e sem uma porta.

Acidentes acontecem. Alguns são fatalidades. Só que este foi um crime. Desde julho do ano passado, o deputado estadual Carli Filho (PSB) tinha perdido sua carteira de habilitação. Mas estava se “lixando” para esse detalhe.
Não fizeram o exame de dosagem alcoólica na hora, por que o deputado estava tomando medicamentos e era preciso ter autorização. No corpo dos jovens já mortos, foi feito e sem autorização da família.

Mas depois, através de um exame de sangue, descobriu-se que ele estava sim embriagado e com níveis quatro vezes acima do permitido.

Ou o deputado bebe demais sempre, ou é capaz de dirigir tresloucadamente, mesmo sóbrio e em sã consciência. Em três de suas 30 multas, foi flagrado pelo radar com 50% acima da velocidade permitida. Apenas em um dia, do ano passado, foi multado quatro vezes por excesso de velocidade em pouco mais de duas horas. E pensar que Carli Filho é autor de projeto de lei que prevê benefícios para bons motoristas.

A família dos jovens mortos pediu a cassação do deputado por “quebra de decoro parlamentar”. Despido do mandato, ele perde o direito ao foro privilegiado e vai a júri popular. É o início de uma luta cheia de dores, frustrações e lágrimas, que não trará seu filho de volta. Uma luta contra padrinhos importantes: o governador do Paraná, Roberto Requião, teria mandado jatinho do Estado levar o deputado para o Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

O deputado Carli Filho respira sem a ajuda de aparelhos e passa por exames clínicos e neurológicos. Ainda não há previsão de alta. Ele fará cirurgias para reconstrução da boca e da face. Quem sabe, junto, os médicos reconstruam sua consciência. E ele peça perdão às mães de Gilmar e Carlos.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

O Xerife da Ética



Inicio esta semana parafraseando o título usado pela revista Veja em
agosto de 2008, quando em uma matéria especial sobre a vida do deputado
federal gaúcho Sérgio Moraes (PTB), assim descrevem o então mais
novo integrante da comissão de ética da Câmara dos Deputados.

Lembrando que coincidentemente há exatas duas edições atrás escrevi
um artigo relacionado à mídia e o quarto poder.

Pois foi exatamente contra ela que o deputado santa cruzense pronunciou
uma das maiores pérolas da política nacional dos últimos anos,
sendo capa na última sexta-feira dos principais jornais do Brasil, como
Estadão, Folha de SP, O Globo, Zero Hora e tantos outros.

Moraes era relator da Comissão Parlamentar de Investigação (CPI)
que investiga a quebra de decoro parlamentar do deputado mineiro
Edmar Moreira dono de um castelo de R$25 milhões, não declarados.

Ao dar a entender em uma sessão que seu parecer seria favorável ao
deputado do castelo, o inocentando das acusações, Sérgio Moraes soltou
a frase que não será esquecida tão cedo, ao menos pela imprensa:

– Estou me lixando para a opinião pública. Até porque parte da
opinião pública não acredita no que vocês (os jornalistas) escrevem.
Vocês batem, mas a gente se reelege.

Arnaldo Jabor, um dos maiores jornalistas, comentaristas e escritores
do Brasil em sua crônica do Jornal da Globo, no mesmo dia do acontecido
ironiza dizendo:

- Talvez o deputado Sérgio Moraes tenha razão. A opinião pública
nesse país não serve pra nada. Nós somos uns cabeças duras. Nós não
entendemos que políticos na Câmara, que são a maioria como ele, foram
gerados nas belas picaretagens municipais.

Continua ainda:

- Eles moram num país diferente do nosso, num país chamado Congresso,
onde as leis são feitas em benefício próprio... Achamos que eles
foram eleitos para legislar, enquanto estão lá para construir castelos,
arrumar uma grana fácil, empregar parentes, pegar umas propinas. Nós
não sabemos de nada! Muito menos os que elegeram sete vezes, Sérgio
Moraes. Abaixo a opinião pública!!!

É de consentirmos que realmente a opinião pública é ditada pelas
classes médias e altas do nosso país, e o maior reduto de votos está onde?
Exatamente onde você pensou, caro leitor, na classe baixa, nos pobres,
naqueles que não tem emprego, renda, que não possuem acesso a informação
e que trocam o seu “confirma” na urna eletrônica por um rancho,
uma conta de água, luz, uma consulta médica, um remédio, um albergue,
e por ai vai.

Lula, por exemplo, na última eleição venceu com sobras apenas na
região nordeste, onde está a maior concentração de pobreza brasileira e
a maior concentração de beneficiados pelo programa Bolsa Família. Nas
regiões sul e sudeste, foi taco a taco.

Tudo isso vem do nosso legado colonial. É... Lá dos tempos de 1500,
quando aquilo que não prestava em Portugal era mandado pra cá. Criminosos,
presidiários, bandidos, assassinos, resumindo: aqui era a terra
da rafoagem portuguesa. Ah e claro, nossas riquezas, essas todas foram
para lá.

E quando Portugal estava sendo invadida pela França de Napoleão
Bonaparte, a corte que possuía uma Rainha louca, um Príncipe covarde e
uma futura Princesa devassa, fugiu pra estas majestosas terras tupiniquins
e, a partir daí amigo, o caos se instaurou e se manteve até os dias de hoje.

Em que rumo caminha a sociedade brasileira? Onde está o seu sentimento
de indignação? São os mensaleiros, a máfia das sanguessugas, a
farra das passagens, as 181 diretorias no senado, o nosso xerifão gaúcho
da ética – que tem um passado escabroso na terra da Oktoberfest –, a
governadora que tem uma casa de quase R$ 1 milhão – sendo que R$ 400
mil teriam vindo de doações para campanha em um suposto “caixa 2”.

A escravidão, as capitanias, o chicote dos latifúndios, as interrupções
democráticas de Getúlio Vargas aos militares até 1985, dentre diversas
outras submissões, passaram, e este é período de maior liberdade da
população. Os “caras pintadas” que o digam...

Não basta apenas levantar as questões logo que surge um novo
escândalo. É necessário se organizar, acreditar em projetos coletivos,
deixando de lado frustrações e desilusões políticas do passado.

Quem paga o salário dos vereadores, deputados, senadores, prefeitos,
governadores, somos eu e você. É a população. Como pode? Faltam
verbas para saúde, educação, infraestrutura... Mas sobram diárias, auxílios,
passagens para filinhos de deputados irem aos Estados Unidos, e as
esposas a Paris.

A paciência está acabando! O horizonte está se reformulando e o
povo não mais ficando tão quieto.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

O centro vai acabar?



Centro nada mais é que a nomenclatura dada ao principal bairro de qualquer cidade, onde se desenvolve o comércio, a educação, e demais serviços públicos para uma população. Aqui em Butiá, “centro” é como a maioria das pessoas, principalmente os mais novos chamam o núcleo rodeado de bares, festas e atividades noturnas, onde a galera se encontra para tomar uma cerveja, ouvir música e passar os finais de semana.

Os anseios de amigos meus, jovens assim como eu, e até mesmo pessoas mais velhas, outras desconhecidas em saber o assunto do momento, me param na rua e perguntam:
- Joel, verdade que o centro da cidade vai acabar?

Respondi NÃO da primeira vez, um tanto surpreso com a pergunta, pois não havia entendido. Mas logo com a explicação que veio, e as repetidas indagações a dúvida passou:
- É que vão cercar a Igreja Santa Teresinha e o Banco do Brasil.

Pesquisando sobre o assunto descobri que realmente a Igreja será cercada e provavelmente o Banco do Brasil também. Será um cercamento total, para proteção do patrimônio e uma ofensiva ao combate ao tráfico no centro da cidade. Onde supostamente estes lugares seriam usados para isto.

Há tráfico de drogas no centro da cidade? Há! Todo mundo sabe, todos que saem nas ruas à noite sabem. Só que se analisarmos a situação atual da cidade, as prisões feitas nos últimos quatro anos que o próprio Jornal Sobral noticiou, é sabido que em uma suposta média, 10% da venda de drogas são feitas no centro cidade, e os outros 90% são feitos nas zonas suburbanas. E quanto ao consumo, esse é o pior dado, em toda e qualquer festa da cidade, ele está presente.

Por isso eu questiono: Cercar totalmente a Igreja e o Banco irá resolver o problema?

Primeiro: Quem cuida da questão urbanística da cidade? Já há uma rua fechada no centro da cidade em que o projeto se desenvolveu de maneira equivocada. Em vez de aumentar o fluxo de pessoas, só diminui. Se a idéia de fechar a Tv. Victor Tomé tivesse sido implantada no pico do verão, maravilha! Seria perfeita. Mas começou no fim da estação, quando as pessoas, não saem mais com tanta frequência de casa e a cada final de semana vem piorando, “correndo as pessoas do centro” como muito ouço falar.

Em segundo lugar: Com estes dois projetos na Igreja Matriz e no Banco do Brasil, acabarão os estacionamentos e, consequentemente, o movimento do centro da cidade.

Como ficam pro exemplo, os casais de família, que aos finais de tarde vão para o estacionamento da Igreja, com suas cadeiras, bater um papo, tomar seu chimarrão com seus filhos, amigos, parentes? E as crianças, que brincam e correm soltas pelo gramado? Não só coisas ruins acontecem neste lugar. É preciso analisar os dois lados.

Os olhos da população são a maior segurança que existe em cidades pequenas. Com o cercamento, as pessoas serão “corridas” do centro, pois viverão cercadas de duas gaiolas e uma rua fechada, sem graça. E o quê acabará acontecendo? “Taparão o sol com a peneira”, como diz o ditado, pois as ruas próximas serão redutos de marginais, que apenas mudarão o lugar da sua venda e tudo continuará da mesma maneira.

Deve haver o cercamento da Igreja e do Banco? Acho que até deve, sim, ajudaria a combater também os “mijões” que usam suas paredes para esconder-se e fazerem suas necessidades físicas, além de outras coisas. Mas ainda assim não da para radicalizar.

Projetos alternativos, como o talvez um cercamento parcial do terreno da matriz, deixando o estacionamento livre pode ser viável, como também qualquer outra sugestão que a comunidade venha a dar deve ser estudada.

Aliás, demais segmentos da sociedade e líderes comunitários devem ser consultados, ouvidos, suas idéias são importantes. A partir disso sim, por em prática algo que surja de um consenso e não de uma ordem. Lutamos tanto por democracia, que as coisas não podem chegar e ser impostas, ainda mais quando lidamos com um bem comum.

Há coisas erradas além do tráfico no centro, como som alto, brigas, copos jogados no chão e uma série de coisas, mas isso acontece na maioria das cidades hoje, e aqui não está sendo diferente, é mais uma questão de cultura e educação do que qualquer outra coisa.

Neste feriadão houve uma grande ofensiva quanto à venda de entorpecentes e a circulação de veículos irregulares por toda a cidade, que mesmo muitos não gostando, serve até mesmo como alerta e intimidação a quem pratica atos ilegais, mostrando que aqui não é terra sem lei.

Butiá é um patrimônio de todos, por isso, ajudar, opinar, sugerir, faz parte da rotina de qualquer cidadão politizado ou não, que nada mais quer além do bem estar do lugar onde vive e todos que estão à sua volta.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Programa de Aceleração à Cura



Se o Partido dos Trabalhadores pudesse alterar hoje o significado do projeto que visa fomentar a infraestrutura brasileira e promete manter o partido por mais quatro anos a comandar a nação, eles fariam.

Sábado à tarde o Brasil parou para ouvir Franklin Martins, ministro de comunicação social, anunciar ao lado da ministra chefe da Casa Civil Dilma Rouseff e sua equipe média a patologia mais dramática que uma pré-candidata ao planalto poderia enfrentar, um câncer linfático.

Independente do tipo, mas um câncer por si só desgasta a imagem de uma pessoa, a debilita fisicamente, tumultua uma família e cria uma rotina que perdura por anos. Fora isso, todos os processos quimioterápicos, radioterápicos, cirurgias, processos ambulatoriais e uma série de exames que transformam o dia a dia dela em uma verdadeira luta pela vida.

Uma pessoa de vida pública, Dilma tinha o queijo e a faca na mão, para ano que vem tentar derrubar outra vez os tucanos e manter sua utópica “esquerda” lá no Palácio do Planalto. Mas agora além de uma agenda cheia de eventos, inaugurações, posses, obras, lançamentos de pedras fundamentais, que serviam de marketing indireto para realçar a imagem da ministra, agora se homogeneizará com uma agenda hospitalar.

Tratada pelos principais médicos do Brasil, num dos principais hospitais do país, Dilma enfrentará os piores meses de sua vida. Piores mesmo! Aqueles anos de ditadura e tortura que ela sofreu quando fazia movimento estudantil, serão como cócegas.

Será uma busca incessante pela cura. Os médicos falam em quatro meses, mas todos sabem que este é o prognóstico mais otimista possível, além do tratamento, haverá a queda de cabelo, unhas, redução de anticorpos, que limitará suas aparições em público a quase nenhuma. Isso prolongará a no mínimo até o final do ano seu tratamento.

Aliás o Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, poderia ser renomeada para Programa de Aceleração à Cura. Era tudo o que a Dilma desejara. Era tudo o que o PT desejara.

A cura não restringiria apenas no caráter da saúde dela, e sim a todo país. Imaginem a cura, por exemplo, dos políticos corruptos, dos mensaleiros e dos funcionários fantasmas. A cura do excesso de ministros, do excesso de diretorias no senado e do foro privilegiado. Além é claro, da cura do tráfego de influências, dos apadrinhamentos e dos julgamentos atrapalhados.

Talvez esse PAC acelerasse de verdade o crescimento do Brasil, curando estas feridas tão doloridas que estão necrosadas na política nacional, em vez de obras estruturais que estão, de verdade, beneficiando o país, porém em troca de votos oportunos em 2010.

Independente de a Dilma continuar sendo ou não a pré-candidata do PT para as próximas eleições, não ganhará o meu voto. Mas como qualquer ser humano merece estar curada até lá desse mau, com a vida em ordem, para acirrar ainda mais o embate político que nos vale o sentido democrático desta nação.