sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Quando não é de raiz

A coisa que mais chama atenção em mim durante a Semana Farroupilha é a quantidade de gaúchos “cola fina” que aparecem do nada. A maioria não sabe nem o que é uma pilcha e para que serve e muitos nem sabem ao certo o que é comemorado mesmo nesta data.

Não me adianta dizer que viu “A Casa das Sete Mulheres” e ali aprendeu tudo sobre a história do Rio Grande do Sul. Esta mini-série não passou de uma adaptação de um livro, ou seja, 50% da trama que a Globo mostrou para o resto do Brasil não era verdade, era ficção, além de que muitos fatos históricos do período não foram contados ali. Bento Gonçalves, por exemplo, não era tão apaixonado por Caetana como foi mostrado, ele era mulherengo e desleixado com a família.

Preservar a cultura gaúcha é mais que um direito de todos, é quase um dever só que não venham falar o que não sabem e ainda por cima querendo dar uma de grandes tradicionalistas. Todo mundo que vive neste meio sabe quem é quem, e fica na cara quando o troço é forçado, quando não é de raiz.

Um pouco mais de diretriz

As entidades tradicionalistas, não só de Butiá, da região, mas de todo estado, devem manter ativas ou criarem suas próprias diretrizes normativas em respeito às tradições gaúchas, quando bailes estiverem acontecendo.

Atrair mais pessoas para dentro do seu CTG, ter movimento na copa, é excelente para a saúde financeira da entidade. É mais um estímulo para manter vivo estes “estabelecimentos” que possuem como único objetivo preservar a cultura.

Mas temos dois exemplos distintos entre os dois CTGs da cidade. De um lado o Saudades do Pago que proíbe em seus fandangos pessoas que estejam dançando sem a pilcha completa. Em seus bailes os grupos musicais só tocam devidamente pilchados e com um repertório pré-aprovado pelo patrão. No salão o maxixe é proibido, além de chapéus, bonés, mini-saias, e tudo aquilo que se foge do ideal de um CTG.

Na contra-mão o Vaqueanos da Querência viveu em sua história recente, períodos complicados com suas domingueiras quando era tudo liberado. Até mesmo o MTG chegou a avisá-los se as coisas não mudassem a entidade seria penalizada. Hoje a entidade está sendo reerguida pela nova patronagem, ainda com algumas dificuldades, mas o grupo que está à frente do CTG hoje não vem medindo esforços para levantar o bom e velho Vaqueanos de anos atrás.

As duas entidades são essenciais para Butiá, não só para preservação da cultura, mas para formar crianças e jovens, que além de tudo aprendem a dançar, viver em grupos e a se relacionar com as pessoas.

Saudades do Pago e Vaqueanos da Querência não podem de maneira alguma deixar de existir, mas para isso devem manter à risca suas diretrizes internas para que as tradições não sofram deturpações dentro da própria casa.

Chama sempre viva

Nem tudo está perdido para a tradição gaúcha. Mesmo resistindo fortemente contra o devaneio cultural da Tchê Music e suas variantes do resto do país, as futuras gerações não estão perdidas.

Na sexta-feira (18), ministrei uma palestra na Escola Municipal Maria Camargo para alunos de 4ª a 6ª série sobre a história do Rio Grande do Sul, história do tradicionalismo, a primeira ronda crioula, a fundação do Movimento Tradicionalista Gaúcho, entre outros assuntos ligados a semana farroupilha.

O nível da atenção das crianças e da surpresa quando relatava sobre alguns fatos que são partes da nossa história, e não sabiam, me mostrou como é possível fomentar ainda mais a cultura gaúcha naqueles que gostam de verdade dela e ainda por cima trazer, resgatar aquelas ovelhinhas perdidas para dentro do movimento.

Olhando nos olhos deles vi que a chama que aquece os corações tradicionalistas se manterá sempre viva.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

A Memória que se Lixe



Na segunda-feira o Deputado Federal Sérgio Moraes (PTB), autor da célebre frase: “Estou me lixando para a opinião pública”, esteve em Butiá anunciando uma emenda parlamentar de mais de R$ 350 mil para construção do Ginásio Poliesportivo do Instituto de Educação Marechal Rondon.

Estive acompanhando a rápida passagem e a rápida cerimônia que ele participou aqui, e pensei que alguém se lembraria do notório fato histórico de sua frase pronunciada na Câmara dos Deputados, mas ninguém lembrou.

Ainda me questionei depois se realmente ninguém havia lembrado, ou se o silêncio naquele momento era mais oportuno, mais conveniente para o momento, talvez sim. Se bem que o brasileiro tem a fama de memória fraca.

Falta Projeto



“Se lixando” ou não, Sérgio Moraes tem sido gentil com a nossa cidade. Além dos R$ 350 mil para o Ginásio do Rondon, há R$ 196 mil depositados e empenhados na Caixa Econômica Federal para a Prefeitura Municipal de Butiá usar em construções de Casas Populares. Só que o projeto para isso não existe o dinheiro está lá, parado!

Com esse dinheiro dá para construir mais de 20 casas populares semelhantes as últimas do conjunto habitacional do bairro São José, de fronte ao Ciep, ou 10 casas para família maiores.

A pergunta é: Quando a Prefeitura vai botar a mão na massa? O dinheiro está na mão, não tem do que reclamar, só falta o projeto e a contrapartida. Isso é tão difícil assim? Ou será que vão esperar chegar um ano eleitoral de novo para ver as obras acontecendo na cidade?

O Preço da Vida

Cada vez mais comum no Rio Grande do Sul, os casos de pessoas que oferecem seus órgãos em sites, fórum e comunidades de páginas de relacionamento transpõem a falta de senso ético em viver.

Espertalhões se aproveitam da deficiência da fila única de espera por órgãos controlada pelo Ministério da Saúde e como num leilão de gado leva quem dar mais “money”, assim as pessoas vão se mutilando e oferecendo seus órgãos sem dó nem piedade do próprio corpo.

- Ei! Aqui... Vendo um rim novo, 21 anos de uso, sem nunca dar problema. Preço: R$ 80 mil. Pagamento à vista, em uma só parcela.

Mas que ofertaço heim! Desespero, dívidas, os motivos são os mais variados que estão levando as pessoas a fazerem isso. Já não bastando o tráfico ilegal de órgãos que acontece no Brasil, agora essa nova onda que desafia a justiça e as autoridades competentes.

Qual é o preço da vida? Será que ela pode ser medida em reais? Será?

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O gauchismo predomina




Em contra partida ao nosso natural descaso sentimental com o dia da independência, as comemorações do 20 de setembro subsequntes a essa data, são disparadas mil vezes maiores.

O gaúcho sim tem o maior orgulho de morar no Rio Grande do Sul e dizer para o resto do Brasil que é GAÚCHO, com letras maiúsculas, do tamanho do amor por este chão.

A Revolução Farroupilha foi a única que fez o Império notar que algo estava errado.

Nos 10 anos que foi instituída a República Rio-Grandense (1835-1845), a capital Piratini, mais tarde transferida para Caçapava do Sul e Alegrete, e até mesmo quando foi elaborada sua Constituição Republicana, o Brasil viu que estava preste a perder pra sempre a Província de São Pedro, como já havia acontecido com o Uruguai na Guerra da Cisplatina, anos antes em 1825.

O motivo de toda guerra todo mundo sabe é sempre o econômico, e aqui não foi diferente. Movida pela alta sociedade, houve batalhas épicas e trágicas, promessas não cumpridas e uma paz não aceita.

Mas justamente pelo sentimento revolucionário, por não aceitar o que era imposto por um Império desordenado, em nossa genética foi implantada uma paixão sem tamanho por cada canto desse estado, que não se iguala em nenhum outro estado da federação.

Somos um povo politizado, esclarecido e que preserva fidedignamente nossa história.

Já diz o nosso hino que um povo sem virtude se torna escravo. Aqui no Rio Grande não há isso, e se nossas façanhas fossem modelo para resto do Brasil, quem sabe o amor pátria talvez fosse maior do que o gauchismo que sem sombra de dúvida predominante.

Nacionalismo Perdido




O nosso sentimento de amor à Pátria, hoje, não corresponde aquele fervoroso orgulho de ser brasileiro de tempos antigos, ora talvez impostos por uma ditadura, ora talvez verdadeiros.

Mas o que há de verdadeiro em uma data onde a um grito mentiroso de “Independência ou Morte” não foi dado, às margens de um rio Ipiranga que nunca foi rio e hoje quase nem mais existe?

Mentiras e mais mentiras no passado e no presente, aliás, a compaixão foi sendo perdida ao longo dos anos exatamente por isso.

Nossos administradores, lá mesmo, antes do 7 de setembro de 1822 nunca souberam o que significara tão pouco a “Ordem” quanto o “Progresso” que mais tarde seriam estampados entre um círculo majestoso envolto por constelações da nossa bandeira nacional. Palavras que nunca serviram para nada.

O presente é reflexo disso, de um desleixo histórico, factual e inanimado. O povo ano a ano só tem se decepcionando com tanta sacanagem que é feita em prol daqueles que se dizem comandantes e enchem as “burras” em cima de um povo burro.

O nacionalismo foi perdido. A terra adorada, dentre tantas outras mil, ainda é o Brasil, gigante, forte e impávido. Mas será que há motivos para ser de verdade a pátria amada, idolatrada, salve, salve?

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Cartão Vermelho pra vergonha



O senado está do avesso, nada mais funciona lá. Até agora NADA foi votado este ano. São apenas escândalos, um atrás do outro, desmoralizando a política e mais ainda a dignidade dos brasileiros.

Mas eles estão lá, firmes, os 81 senadores, recebendo seus milhares de reais mensais durante oito anos, para irem à tribuna baterem boca, isso quando vão ao plenário. Claro que não podemos generalizar com aqueles que fazem parte da Câmara Alta, mas sua grande maioria se encaixa na descrição acima.

Os tais dos Atos Secretos, as centenas de diretorias sem funcionalidade alguma, as pilantragens do Sarney, o Lula o defendendo e assegurando sua permanência no poder e tantas, tantas outras coisas.

O troço anda “dapavirado” a tal ponto que até um cartão vermelho o senador Eduardo Suplicy do Partido dos Trabalhadores levou em uma seção. Dizendo que assim como no futebol, dava um cartão vermelho para o Presidente do Senado José Sarney, para que ele repensasse suas atitudes e se afastasse da presidência. Talvez até fosse o melhor mesmo que Sarney poderia fazer.

Mas Suplicy que sempre foi de fala mansa e tranquila se desestabilizou. Seu microfone chegou a ser cortado e em discussão com o senador Heráclito Fortes dos Democratas, que pediu até um suco de maracujá para que Suplicy se acalmasse.

Só que Heráclito tem razão quando fala que o cartão vermelho devia ser dado ao Lula e ao Mercadante. Lula se intrometeu no Senado e fez com que seus interesses políticos prevalecessem sob um parlamento em crise.

O Supla Pai reagiu tarde de mais ao clamor brasileiro por ordem na política. Acabou virando piada e será e será lembrado por muitos anos após esse episódio. Mas isso é de família, já que sua ex-mulher entrou para a vergonhosa história da política nacional com a célebre frase “Relaxa e Goza” e seu filho não foge disso já que um renomado músico da, como poderíamos chamar... Sei eu se aquilo que ele toca se encaixa em alguma categoria de música. Na real ele não passa de um punk louco. E de louco essa família entende.

O que é Excelência?



Vossa Excelência está faltando com o respeito. Vossa Excelência está com medo. Vossa Excelência trate de ficar quieto... Vossa Excelência! VOSSA EXCELÊNCIA!!!

Os dicionários falam que excelência é uma qualidade de excelente e excelente é sinônimo de ótimo. Assim os Senadores em meio às baixarias de suas discussões se intitulam: Vossa Excelência isso, Vossa Excelência aquilo.

Quem é excelente? O que é excelência? Isso que estamos vendo?

Cabides de emprego, gastos excessivos, farra de passagens, empreiteiras lobistas ou laranjas e ainda gritos, berros no plenário faltando apenas partirem para o soco.
São essas Excelências que queremos no poder?