sexta-feira, 24 de abril de 2009

Quem manda o quê



A primeira coisa que agente aprende quando entra na faculdade de jornalismo, é que a imprensa em qualquer lugar do mundo é o quarto poder. Sim, o quarto poder, por que existem outros três: O Legislativo – que faz as leis. O Executivo – as ‘executa’. E o Judiciário que aplica as leis e fiscalizam as ações do executivo.

E a mídia, a imprensa é o único poder que pode exaltar ou denunciar qualquer um dos outros três, descobrindo corrupções, tráfego de influências, cartéis e tantas outras irregularidades nesse ‘Brasil varonil’ que só caíram no conhecimento da população através da mídia.

É claro, existem linhas editorias distintas em cada veículo de comunicação, algumas tendenciosas, outras idôneas, na maioria das vezes seguindo os interesses econômicos da empresa. Mas no geral segue-se apenas um único padrão.

Quem não lembra da campanha da Rede Globo em prol do então candidato à presidência da república Fernando Collor de Melo. Ele tinha uma família política conhecida, seu avô foi Deputado Federal pelo Rio Grande do Sul, seu pai foi Governador de Alagoas e ele não passava de mais um da ‘baixa plebe’ política brasileira, sendo Prefeito de Maceió. Foi ai que entrou em cena o “Caçador de Marajás”, era assim que Collor ficou conhecido através de uma assessoria de marketing prestada pela rede Globo, ao noticiarem sua perseguição à funcionários públicos que recebiam altos salários e desproporcionais do governo alagoano.

Pedro Bial relata no livro sobre a Biografia de Roberto Marinho que como Lula representava uma “ameaça socialista” para época, não restou outra opção à Rede Globo a não ser apoiar Collor, e Marinho assumiu isso publicamente.

Após diversas séries de planos econômicos atrapalhados, culminando com o confisco da poupança há exatos 19 anos atrás, Collor enfrentou o pior inimigo que poderia ter, a própria Globo. Ela mesmo que o elegeu, iniciou série de reportagens contra Collor, que meses depois, incentivou movimentos populares que culminaram com seu impeachment. Tudo ‘obra’ da Globo!

Brizola, outro nome forte da política nacional que nunca se elegeu Presidente. Por Quê? Por que ele era totalitariamente contra as Organizações Globo. Isso mesmo, em uma de suas campanhas para assumir o Palácio do Planalto falou em entrevista: “Se eu me eleger um dia, no outro casso a concessão da TV Globo”. Como diz o ditado: “Uma andorinha só não faz verão”, e assim Brizola nunca conseguiu sua eleição, não tinha força para lutar contra o poder de Roberto Marinho e da sua rede, a quarta maior do mundo.

E por um acaso alguma vez você deixou de olhar a Globo por isso? Não. E todo ano acontece isso em algum lugar do Brasil, a Globo influencia na economia, na política, na cultura. Com suas 121 afiliadas, a família Marinho cobre 99,7% do Brasil. Sua programação, vai da Ana Maria Braga, passando pelo Jornal Nacional, chegando ao Programa do Jô. O horário nobre entre as 20h30 e 21h30 é espaço publicitário mais cara da América Latina. Mesmo assim a Globo não deixa de ser o sonho de qualquer estudante de jornalismo. Suas novelas ditam o padrão da moda pop. Seus programas de entretenimento moldam a cabeça das nossas crianças e por ai vai uma imensa alienação.
Mas não quero me prender a Rede Globo, usei seus exemplos apenas para explicar o que é o quarto poder e sua importância, que acontece em qualquer esfera, nacional, estadual e até mesmo municipal.

Outro caso é o de Tim Lopes, todo mundo lembra do repórter que desvendou quadrilhas de tráfico e prostituição infantil no Rio de Janeiro? Ele estava concluindo uma matéria sobre estes mesmo assuntos em um baile funk num morro carioca, foi descoberto, torturado, assassinado e seu corpo queimado. O tráfico calou a boca do Globo matando Tim? Novamente NÃO.

Após acharem seu corpo enterrado num terreno baldio no morro, a PM iniciou uma das maiores ofensivas ao tráfico, que resultou na prisão de “Elias Maluco”, mandante do assassinato de Tim, ele era o n° 1 do tráfico na época, e toda sua quadrilha também foi presa, estando até hoje atrás das grades.

Por isso afirmo: Não há limites para a imprensa! Não há impunidade que não venha à tona. Não importa a pressão, os bate-bocas de uns e de outros, um zum zum zum daqui ou dali. Independente dos interesses da empresa, do veículo de comunicação, ou do patrocinador, a verdade sempre aparecerá.

Lembre-se: “Não se preocupe com o BARULHO dos RUINS. Mas preocupe-se sim, com o SILÊNCIO dos BONS”.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

E se fosse lucro?



Chegamos ao final da série de quatro reportagens sobre a situação da criminalidade em Butiá, nossa estimativa de presos, e como está a situação de pessoas que sofreram diretamente com isso.

Passamos dois dias inteiros dentro da Penitenciária de Encruzilhada do Sul, reduto de butiaenses criminosos a 94 km daqui. Quando iniciamos a reportagem eram 32 presos, hoje mais de 40. No sistema prisional de Charqueadas chegam a mais de 100.

Somando o total de presos do estado, Butiá tem sozinho quase 1% do total de apenados do RS, índice alto de mais para uma cidade com apenas 20 mil habitantes. A Polícia Civil e a Brigada Militar da cidade são uma das mais competentes da região, estão fazendo a sua parte e a comunidade agradece.

Mas tudo pode mudar. Dentro e alguns meses, Encruzilhada já super lotada, não receberá mais o presos de Butiá. Charqueadas e o Presídio Central, há alguns anos já não recebem mais os presos daqui. A solução será Rio Pardo e Santa Cruz. O Primeiro interditado e o segundo também super lotado. Solução? Cumprir os mandados, prender e 24 horas depois soltar por não ter para onde mandar.

O que seria desestimulante para a melhor Delegacia da Região. O sistema penitenciário gaúcho está falido. Somente novas penitenciárias e a privatizações de algumas é que podem salvar o estado do caos. Ai é que se encontra o problema, a população da maioria dos municípios é contra a instalação de novos presídios.

Butiá é um exemplo. Fomos candidatos anos atrás a receber um, porém toda a comunidade foi contra. Em Arroio dos Ratos aconteceu o mesmo. Como nossos níveis de criminalidade eram baixos mesmo, a comunidade tinha razão. Hoje a situação é diferente.

Charqueadas não pode receber mais penitenciárias, pois seu sistema compreende quatro instituições: A Colônia Penal Daltro Filho, a Penitenciária Estadual do Jacuí, a Penitenciária Modulada de Charqueadas e a Penitenciária de Alta Segurança da Charqueadas, a mais segura do Rio Grande do Sul, conhecida como “Tio Patinhas”. Charqueadas com seus 35 mil habitantes, quatro presídios e índices criminais menores que Butiá.

O governo anunciou ainda em 2009 iniciarão as construções de novas instituições penais na Grande Porto Alegre. Canoas e São Leopoldo se candidataram. Guaíba e Eldorado do Sul são fortes cidades candidatas, inclusive Arroio dos Ratos que era contra começa a ter pareceres favoráveis, até Minas do Leão anda sondando.

Agora Butiá, a cidade que mais possui apenados, traficantes e criminosos na Região é totalmente contra. Qual é o medo da comunidade? Ouço muitos: “Ah se houvesse fugas os presos se esconderiam aqui”, mas é claro que não. Com uma fuga, as buscas iniciariam primeiramente dentro cidade. Alguém que se diz inteligente ao fugir da prisão seria burro o bastante para se esconder onde está sendo procurado? Outra, o Batalhão da BM teria no mínimo triplicado o número de soldados e viaturas, a cidade se tornaria mais segura, o crime e o tráfico encolheriam cada vez mais.

Pense como se tivéssemos duas empresas: Butiá e Encruzilhada. Como qualquer empresa elas visariam lucros certo? Ambas pertenceriam aos mesmos donos: a população local e o lucro e os prejuízos seriam dividido entre cada um de sua comunidade.

Imagine Butiá como se fosse a filial mais lucrativa das duas. Milhões e milhões de reais seriam divididos mensalmente. Seria uma maravilha. Como a produção de Butiá era maior, todo o prejuízo que dava era desviado para a filial de Encruzilhada.

Assim tudo de bom ficaria aqui, e o que não prestava da empresa seria mandado pra lá. O mesmo aconteceria com o lucro de Encruzilhada, tudo de bom viria pra cá.

Se fosse lucro seria bom né? Dinheiro as pencas aqui, e os problemas, como se não fossem nossos, mandaríamos pra Encruzilhada. De uma fábula a realidade, é exatamente isso que está acontecendo.

Butiá prende os criminosos e manda pra Encruzilhada. Rola um pensamento tipo “Ah eu não quero nenhum presídio aqui, mandamos pra Encruzilhada e eles que resolvam” E quem ajuda a Penitenciária da cidade com seus problemas? Butiá? Não, não, Butiá nunca ajudou em nada, quem auxilia na manutenção do presídio é o Conselho Comunitário de Encruzilhada.

Comida, materiais para limpeza, para infraestrutura, e muitas outras coisas são doadas pelos encruzilhadenses que ajudam a manter o presídio lotado por butiaenses. Fora as famílias, a maioria sem condições, gastam mais de R$ 50 só em passagem, cada vez que vão ir visitar os filhos, maridos, irmãos e pais que lá estão pagando suas dívidas com a sociedade.

“Ser ou não ser? Eis a questão!” Do termo paradoxal de Wilian Shekespeare, sugiro que pensem num “TER OU NÃO TER” Butiá deve continuar mandado seus presos para Encruzilhada e virar as costas para todos os problemas que envolvem além do cárcere? Ou a comunidade deve repensar nossas reponsabilidades para com os crimes que são cometidos aqui?

Como diz o ditado: não adianta varrer a poeira para debaixo do tapete.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Quem quer um presídio em Butiá?



O caos no sistema penitenciário está declarado. Não há nada a se fazer a não ser a construção de novos presídios para desafogar as superlotações que acontecem em todas as cadeias do Rio Grande do Sul. Mas o problema maior é que a maioria dos municípios é contra estas instituições.

Medo e insegurança são sentimentos que predominam nas comunidades que estão na lista das cidades que podem receber novas instalações de presídios no Estado.

É comum ouvir “Presídio é muito bom, porém não na minha cidade”. O Governo Estadual não acha alternativas, a não ser que municípios se auto-candidatem a receber novos presídios.

O sistema penitenciário gaúcho está falido. Fora a super lotações, um terço das vagas estão interditadas em 17 presídios pelos mais variados motivos, falta de estrutura, falta de segurança, insalubridade, falta de agentes e por ai vai.
As pessoas como um todo, as comunidades, clamam às autoridades por mais segurança, mais saúde, mais educação, enfim, reivindicações justas.

Mas nada mais justo também que cada comunidade segregue seus criminosos, senão, pelo menos aquelas cidades que são erigidas ao grau de comarcas, que possuem seu fórum e sua delegacia de polícia, como Butiá, e possuem em torno de 150 presos no sistema.

Se cada município ou comarca tivesse o seu presídio, com toda a certeza o problema da superlotação, se não fosse resolvido seria, ao menos, minimizado.

Soluções apresentadas na última semana


São Leopoldo receberá uma unidade para detentos de 18 a 24 anos, confirmada pelo governo federal. Estão destinados R$ 14,7 milhões para a construção do presídio para jovens. A expectativa é de que a obra comece no segundo semestre deste ano, criando 461 vagas. Esta penitenciária será a primeira do Rio Grande do Sul, exclusiva para jovens, com apoio total da prefeitura do município.

Em uma reunião a portas fechadas, a prefeitura de Canoas ofereceu, na terça-feira, dia 7, ao governo do Estado cinco áreas para a construção de um presídio no município. Duas delas teriam despertado o interesse de técnicos da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe).
As áreas seriam lote de terras de cerca de 12 hectares. No local, poderiam ser construídos, além de uma penitenciária para 700 detentos, um albergue para cem apenados do semiaberto, que substituiria o atual instituto penal localizado no centro da cidade. Com esse porte, o complexo prisional abrigaria praticamente todos os presos originários de Canoas, atualmente espalhados pelo Estado.

Ainda há candidatos como Arroio dos Ratos, Eldorado do Sul e Guaíba, esta última a comunidade já se manifestou contra.

O que as autoridades pensam:

Butiá (20 mil hab. – em torno de 150 apenados no sistema penitenciário gaúcho)
Canoas (330 mil hab. – em torno de 700 apenados no sistema penitenciário gaúcho)

Estes índices altos colocariam Butiá como uma cidade candidata a receber uma penitenciária, que aconteceu anos atrás, porém a comunidade foi contra. Canoas se candidatou a receber uma.


Como as autoridades e os líderes comunitários de Butiá veem o assunto:

Prefeito Sérgio Malta –
Contra: “Devemos sempre consultar a opinião da população, mas não somos favoráveis a construção de um presídio aqui. Se fossemos acolher somente presos de Butiá, era de se pensar. Porém sabemos que a realidade é diferente, por isso somos contra”.

Presidente da Câmara de Vereadores Dedé Tintas
A Favor: “Um presídio não traz só malefícios, traz benefícios também. Não vejo empecilhos na instalação de uma penitenciária aqui. Claro que deveríamos estudar uma possível localização segura, o modelo (fechado, alta segurança, semiaberto). Temos que analisar também que cidades que possuem presídios não possuem tantos problemas sociais”.

Delegado de Butiá Vilson Domingues
A Favor: “Na realidade a polêmica acabaria no Estado se cada município tivesse seu presídio. Cada condenado pela sua comarca seria responsabilidade do seu município, isso resolveria o problema do Estado. Nós somos a Polícia que mais prende na Região. Os mandados são expedidos e prendemos na hora. Os presídios de Charqueadas e o Central não recebem presos de Butiá, nos próximos meses Encruzilhada do Sul também não receberá, vamos mandar pra onde? Rio Pardo ou Santa Cruz. Se eles não aceitarem receber os presos daqui, simplesmente teremos que cumprir o mandado e soltar em seguida.”

Presidente do CDL Rosângela Ferreira
A Favor: “Sou totalmente favorável a Butiá ter um presídio, pela segurança que aumentará no município, com maior efetivo da Brigada Militar e pelo desenvolvimento econômico que irá gerar na cidade”.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

O Monstro ainda sobrevive?



Ideologia
é um termo usado contendo o sentido de "conjunto de idéias, pensamentos, doutrinas e visões de mundo de um indivíduo ou de um grupo, orientado para suas ações sociais e, principalmente, políticas".

Segundo o revolucionário alemão Karl Marx, ideologia pode ser considerada um instrumento de dominação que age através do convencimento (e não da força), de forma prescritiva, alienando a consciência humana e mascarando a realidade.

Assim podemos descrever o monstro chamado Projeto de Lei 2666/2009 que criaria, se fosse aprovado, 11 novos Cargos em Comissão no Legislativo Municipal. Parafraseando Marx este projeto ideológico “massacraria nossa realidade”. O Prefeito vetou, o projeto voltou à Câmara e por 5 x 3 o veto foi mantido.

Houve vereadores que mudaram de opinião na última hora, como no caso do Alemão do Bar, que foi decisivo. Mesmo sendo da mesa diretora, criadora do projeto ele disse NÃO. Apenas por um simples motivo: O povo, aquele que foi lá na urna e deu o voto a ele, confiando-lhe o poder, exigiu que fosse coerente e o pressionou para ser contra.

Parabéns butiaenses, esse é o verdadeiro sentimento de DEMOCRACIA. Ninguém mais vive na Ditadura Militar, onde as coisas eram impostas e que não gostava era torturado, morto, ou então buscava asilo político em outro país.

A comunidade está consciente de tudo que vem acontecendo. Ruas então sendo trancadas, protestando estão dizendo: “Ei, eu estou aqui! Eu dei meu voto, agora quero cobrar pelas promessas feitas em campanha. Pago meus impostos e quero ser reconhecido como cidadão”.

É nossa obrigação cobrar pelos nossos direitos básicos, principalmente quando somos “esquecidos”, mas logo logo quando tiver campanha política o povo é lembrado de novo.

Mas voltando ao mostrengo 2666/2009, que até tem o número da besta ‘escondido’, a boataria anda rolando solta de que ele voltará, ainda este ano, reformulado.

Por favor comunidade! Estejam atentos, vão ao plenário, ou ouçam as transmissões feitas pela Rádio Sobral. Fiscalizem as ações daquele vereador em que confiou o voto. Sabe por quê?

Primeiro: O Fundo de Participação dos Municípios – FPM – Repassa dinheiro do Governo Federal para as administrações municipais. Este ano o repasse foi bruscamente reduzido devido à CRISE. O Prefeito Sérgio Malta anunciou cortes em diversas áreas do Executivo para não comprometer o pagamento dos funcionários públicos.

Ao REVÉS disso tudo a Câmara queria CRIAR 11 cargos, enquanto tudo está sendo REDUZIDO em Butiá.

Segundo: Para a assessoria de imprensa da Câmara era exigindo a função ou de Jornalista, ou de Radialista, ou de Relações Públicas. Com escolaridade mínima do Ensino Fundamental.

Só existem três graduações de Comunicação Nível Superior: Jornalismo, Relações Públicas e Publicidade e Propaganda. O Radialista é apenas uma área do jornalismo que o acadêmico escolhe depois de concluída a faculdade, e se especializa em entidades como, por exemplo, a Feplan - Fundação Educacional Padre Landell de Moura, em Porto Alegre.

A pergunta é: COMO a função de JORNALISTA poderá ser exercida por alguém que a escolaridade mínima exigida é o FUNDAMENTAL? Ou seja, cursou no máximo até a 8ª Série! Como? Se para qualquer vaga na área de jornalismo, as empresas de comunicação exigem estar cursando a faculdade (Nível Superior) e ter concluído as cadeiras relacionadas ao cargo pretendido (Rádio, TV, Jornal, Cinema, Assessoria).

Este projeto foi um teste a nossa capacidade intelectual, e se aprovado assinaríamos nosso diploma de ignorantes e burros por termos confiados em pessoas que usaram do seu voto, para lá dentro legislarem em favor próprio.

Por que não fazem um projeto de lei de auxílio ao Hospital, que tanto precisa? Ou então para a Apae, Assossiação de Bairos, CTG’s, entidade que cuidam da cidade? Não, eles querem reformas, funcionários, assessores e gastos e mais gastos.

Deixem de serem metódicos senhores vereadores! O povo quer mais ação e menos burocracia. Os senhores já são BEM pagos para isso. Pra que assessores para atenderem as pessoas, essa função é dos senhores. Se não quisessem trabalhar, então que nem concorressem ao cargo e deixassem a vaga a outro que tivesse maior interesse, a não ser o salário.


Comunidade é nosso dever continuar fiscalizando as ações de nossos vereadores e principalmente cobrar deles quando estiverem errados.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

A vida por trás das grades



Prisão, penitenciária, presídio, cadeia ou cárcere, palavras que são sinônimos da ausência de liberdade. Também são espaços institucionais, com uma elevada segurança para onde a justiça manda as pessoas condenadas pelos tribunais, ou ainda para efeitos preventivos antes de julgamento. É o início do pagamento de uma dívida com a sociedade.

Nesta segunda reportagem sobre a Penitenciária de Encruzilhada do Sul, nossa equipe de repórteres conversou com quatro presos, identificados por nomes fictícios para que suas identidades sejam mantidas em absoluto sigilo. Três possuíam envolvimento com o crack. Todos jovens e cometeram seus crimes em Butiá e Minas do Leão.

Uma nova atualização dos dados mostra que em apenas uma semana Encruzilhada recebeu mais seis detentos de Butiá, passando de 32 para 38 até o fechamento desta edição.

Desespero, medo, inconseqüência, irresponsabilidade, saudade e liberdade. Todos estes sentimentos misturam-se na cabeça de quem não mais pode andar na rua e agora conta os dias para que possa voltar ao convívio social. Alguns tentaram antecipar este retorno a uma vida normal, fugindo da prisão. Foram recapturados e encaminhados novamente para o presídio, onde deverão cumprir um período de castigo. Nove detentos estão isolados dos demais, cumprido medida punitiva. Acompanhe estas quatro histórias.



“Esperança”


É este sentimento que o jovem 24 anos de idade tem para sair do cárcere. Iniciou aos 12 nas drogas fumando maconha, e a partir daí entrou no mundo do crime, cometendo pequenos furtos. Ainda quando menor teve uma passagem pela antiga Febem, atualmente Fase, Fundação de Atendimento Sócioeducativo. Hoje aguarda julgamento por três assaltos cometidos contra farmácias em 2008. Garante que em todas estas ações, jamais usou e violência, pois procurava entrar nestes estabelecimentos à noite.

“Estar preso é um inferno. Eu roubava para ter um pouco de dinheiro, mas usava a maior parte para comprar droga, quase sempre a pedra (crack)” relatou o ‘Esperança’ que repetiu: “Conheci a pedra em 2007 e ela é um inferno”.



Dividindo a cela com outros três companheiros, ele afirma que o que mais sente falta é de ver seus filhos: “Não sou um monstro, gosto de ver minhas crianças, dormir com eles”.

‘Esperança’ foragiu de Encruzilhada, no ano passado, mas foi pego novamente: “Andar espiado, se escondendo é a pior coisa. Quase cheguei a vir aqui e pedir que me prendessem de novo”. Ele acredita que tenha sido denunciado por andar armado. Relata que foi atingido por um tiro de raspão na cabeça, mas já está recuperado, não ficando nenhuma sequela. Sua esposa mora em Encruzilhada, onde cometeu os últimos delitos e foi preso.

‘Esperança’ que inicialmente mostrava-se arredio, medindo as palavras, incomodado com as algemas, foi perdendo a timidez, relatando todo o seu envolvimento com as drogas e com o crime. Várias vezes falou com carinho da esposa e principalmente dos filhos.

“A droga atrapalhou tudo, me separou da família. É tudo muito estranho. O que resta é o um sentimento de saudade da liberdade”. Finalizando ‘Esperança’ repetiu que seu maior desejo é cumprir sua pena que será revista em 2010 integralmente, e depois sair em liberdade para trabalhar: “Eu sempre fui um trabalhador” finalizou.

“Menino”


Rosto jovem, aparência de menino, um brilho no olhar. Características deste rapaz de 19 anos que já cometeu nove roubos em residências. Também iniciado cedo no mundo do crime, com apenas 13 anos, e experimentando a maconha como primeira droga, pulou direto para o crack aos 14 e assim não quis parar mais. “Depois que entrei no ritmo da droga, não tinha fim” disse ele.

Um problema familiar pode ter desencadeado todo o rumo que ele viria a seguir: A separação dos pais. Depois da separação, como não tinha um bom relacionamento com a mãe parou de estudar e entrou de vez para criminalidade. Relata com um pouco de mágoa ser abandonado pelo pai.

Recebe visita de sua esposa sempre quando ela pode ir. Quando perguntamos como é estar preso ‘Menino’ responde: “É cruel estar aqui, mas agente tem que pagar o que deve”.

Sobre seu relacionamento dentro do Presídio ele afirma: “Ah, fui bem recebido, aqui a gente é bem tratado pelos presos, pelos agentes e pela direção”.
Ele acredita que a fé, pode estar mudando sua vida. Frequenta cultos religiosos que são realizados na prisão e garante que agora está curado, não sendo mais dependente das drogas.

Quando perguntado se é possível sonhar estando aprisionado, seus olhos refletem um brilho diferente, ergue ainda mais a cabeça e esboçando um sorriso, diz que sonha muito com a rua, a liberdade e principalmente com a sua mulher.

“Saudade”




Somente isto que restou ao jovem de 20 anos, preso por 12 furtos a casas e mercados e por porte ilegal de arma. Cursou somente até a primeira série do ensino fundamental. Logo após a separação de seus pais, em torno dos 15 anos de idade, foi morar com a irmã em um “morro” em Porto Alegre. Estopim para sua entrada no crime o no consumo de drogas. Com o dinheiro originado nestes crimes comprava comida e mais drogas. Primeiro foi a maconha, que o levou para a cocaína e depois o crack.

A primeira vez que foi preso ficou 11 meses na Penitenciária Modulada de Charqueadas. Da segunda vez, ficou dois meses no Presídio Central e está agora há dois meses na Penitenciária de Encruzilhada, preso por furto e porte ilegal de arma. Na comparação entre as três cadeias que esteve ‘Saudade’ diz: “Em Charqueadas eu tinha o meu espaço, mas aqui é muito melhor. Já o Central não é presídio, é colégio”.

Pego usando telefone celular, o que é proibido, ele foi levado para cela do “Castigo” que divide com outros oito presos. De acordo com o regimento interno o preso que burlar alguma regra fica de “castigo” em uma cela separada, pelo período de 30 dias, sem direito a pátio, ventilador, sem visita e sem TV e rádio. Neste sábado, dia 4, termina esta punição, assim poderá retornar ao convívio normal com os demais presos.

“Depois que o crack chegou em Butiá, a cidade virou um inferno”
afirmou ‘Saudade’, que diz ter largado o crime de mão: “O que eu mais quero é poder estar na rua. Tenho um pouco de medo do que pode acontecer em Butiá quando eu chegar, por algumas rixas antigas, mas vou defender a minha vida. Lá vai ser matar ou morrer”, disse ele.

Com relação ao seu relacionamento com a companheira, que ainda mora em Butiá, diz ser normal, mas não pode vê-la, pois é menor e é proibida a entrada no presídio. Como ficou preso durante 11 meses e em liberdade somente 17 dias, não tem contato com ela há muito tempo.

‘Saudade’ diz que vai mudar de vez: “Minha mãe sofre com isso, mais do que eu, mas dessa vez eu vou mostrar pra ela que eu vou mudar”, promete reafirmando: “Não vou mais usar qualquer tipo de droga, não quero mais roubar”.

Ele não se intimidou em fazer várias denúncias como a falta de exames médicos quando os presos são encaminhados para o presídio. Também acusou que ele e outros na mesma situação, sofreram agressões quando foram presos.

“Eles batem muito. Eu perdi dentes, tive costelas quebradas, quebraram minha cabeça”. Com passos lentos, algemado como todos os que se prontificaram a conceder entrevista, saiu lembrando talvez com saudade, um pedaço de sua vida.


“Injustiça”




Seis anos encarcerado, 31 anos de idade, e mais oito ainda por cumprir, fora o julgamento de uma fuga do semiaberto no mês março. Essa é a situação do ‘Injustiça’, preso por homicídio. De todos os entrevistados ele foi o único que nunca teve envolvimento com drogas.

De acordo com a sua versão ele defendeu sua vida em uma antiga desavença. Dois homens fizeram uma emboscada para matá-lo. Na luta ele acabou matando o homem que acompanhava seu antigo desafeto. Réu primário, alegando legítima defesa, seu crime passou para homicídio qualificado, julgado no ano de 2003 através de Júri Popular.

Amargurado, olhar fixo em um ponto na parede, como que relembrando o julgamento que o colocou atrás das grades por mais de 14 anos, tenta fazer a própria defesa, como que clamando por um novo julgamento: “Se eu não me defendesse, acabaria no cemitério, me defendi e parei aqui”, afirmou.

Cumpriu mais de um ano no Presídio Central, depois foi transferido para Encruzilhada, onde permaneceu até fugir do semiaberto no mês passado, sendo recapturado na madrugada de sexta para sábado, dia 28. Conta que saia da residência da mãe, como fazia nas últimas semanas para se dirigir até o local de trabalho.
Quase no final da rua, foi abordado pelos policiais que deram voz de prisão: “Não reagi. Simplesmente coloquei as mãos na cabeça e esperei que me algemassem”. O que motivou a fuga, segundo ele, foi a doença de sua mãe que mora sozinha e precisando de cuidados.

“Entrou da porta pra cá, é só ter bom comportamento e esperar o tempo passar. Quero sair, tocar o barco pra frente, voltar pra casa e trabalhar que foi o que eu sempre fiz”.

‘Injustiça’ fala da filha de seis anos que não foi registrada em seu nome porque a esposa não quis reconhecer sua paternidade. “Ela nasceu seis dias depois da minha prisão. Eu nunca pude abraçá-la, nunca pude beijá-la. Contam para ela que eu sou um bandido”, relata um homem da fala pausada e com muita tristeza.
"Um dos meus maiores sonhos, quando estiver em liberdade é poder abraçar minha filha e poder registrá-la com o meu nome".

Em datas como Natal, Ano Novo, Dia das Mães, Dia das Crianças, o ‘Injustiça’ diz ser os piores dias e os mais tristes dentro da prisão. Conclui dizendo que espera que a justiça possa realmente ser feita, ele ser julgado novamente e a pena reduzida.
“Sempre fui um trabalhador, comecei ajudando meu pai, quando tinha oito anos. Todos me conhecem, nunca tive qualquer bronca ou envolvimento com a polícia. Me defendi para não ser morto e meu advogado, durante o julgamento não fez nada para evitar esta injustiça”, desabafou um homem que quer voltar para a filha que não conhece e ajudar a sua mãe na cura de sua doença.

Com as portas fechadas, da sala onde realizamos a entrevista, foi possível ouvir as passadas lentas de um homem que se mostrou mais aliviado depois de descarregar uma carga muito pesada de emoções.


Esperança, Menino, Saudade e Injustiça, nomes fictícios, para homens de verdades que ilustram esses relatos. Ao final de cada entrevista era possível ouvir passo a passo cada um deles dirigindo-se para a cela. Esta cena se repetiu quatro vezes, todas iguais e diferentes ao mesmo tempo.

Ficou a sensação de que cada um deles tentou sair do cotidiano, de suas vidas no presídio, para dar uma volta em algum lugar não muito longe, simplesmente para poder respirar um pouquinho de liberdade.

A sagrada liberdade jogada fora por três jovens que tiveram a infelicidade de em algum momento de suas vidas, encontrar com as drogas.

Histórias de vidas em sua maioria tristes, mas que pela situação social, e por falta de uma opção melhor, cometeram crimes, para comer, para sobreviver ou para sustentar o vício.

Estes são apenas quatro relatos de outros 96 que poderíamos ter ouvido, mas no geral todos se assemelhariam em apenas uma única questão, o sonho de poder estar livre e com suas dívidas pagas com a sociedade.




Acompanhe na próxima edição a seqüência desta matéria

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Nos tempos do Colégio!


Na última semana lendo uma notícia que correu o Brasil e foi destaque nas grandes mídias sobre três garotos de 14 anos que filmaram com um celular um deles protagonizando cenas de sexo com uma garota de 11 anos, na cidade de Ibirubá no planalto gaúcho, fiquei pensando: O que exatamente está acontecendo com o que chamávamos de valores? As coisas não só tomaram um rumo adverso no Brasil, como no mundo também. Não há mais paz, o consumo de drogas tomou conta e passou a afligir a sociedade, a crise financeira atinge famílias, e a educação foi esquecida.

A inclusão digital e os avanços tecnológicos permitem que qualquer um filme o que quiser, quando quiser, a hora que quiser, e ainda compartilhe todos os conteúdos com uma série de amigos através da tecnologia ‘bluetooth’.

O ‘filmezinho’ que era uma brincadeira, passou de celular em celular, até que alguém passou para um computador, colocou na internet e ‘pimba’ o mundo estava vendo. Em um tópico numa comunidade do Orkut que interrogava como o pessoal ficou sabendo deste vídeo, as respostas foram: lista de e-mails, youtube, site de vídeos amadores, fóruns no orkut, blogs e etc. Assim em 1 hora o Brasil, e um aparte do mundo já tinha assistido as cenas dessas crianças, assim posso chamar.

A família da menina, de 11 anos, teve que se mudar de Ibirubá, cidade de pouco mais de 15 mil habitantes, onde todos se conhecem. A menina e família estavam sendo motivo de piadas. Mas não fugimos longe do ninho, aqui em Butiá ano passado, já aconteceu caso parecido, porém a repercussão foi bem menor que esta.

E agora me pergunto de quem é a culpa? Da sociedade? Da cultura popular, que prima músicas com ‘Pirigueti’, ‘Di Sainha’ e ‘Quer Boleti’ mais tocadas em festas, rádios e carros de som? Ou dos pais que nunca conversaram com os filhos sobre educação sexual ou coisas do tipo?

Olha que não sou tão velho, mas em 1998 quando tinha 11 anos e até os 14 mais ou menos, as ‘festinhas’ da turma eram assim: Os guris levavam um refri e as gurias um prato de comida. Tudo da pior qualidade sempre... hehehe! O anfitrião sempre dava os copinhos de plástico e as bacias pra se colocar os salgadinhos. Nosso estômago, no final da festa, pareciam feito de concreto devido a mistura de tang gaseificado e isopor com sal.

Reuníamo-nos aleatoriamente na casa de um, de outro, sem nenhuma bebida alcoólica. O ‘bailinho’ começava com músicas do tipo: Tchê Garotos Geração 2000, SPC, Skank, Trilha de Novelas e por ai ia, mas sempre nessa linha. A maior esperança era de se conseguir um beijo de uma guria ou outra, mas a mais desejada era aquela que se gostava em segredo.

Lembro até hoje (com um sorriso no rosto, confesso) como toda a coisa se desenvolvia. Os celulares não eram populares, a tecnologia restrita, o mais moderno dava pra mandar um torpedo SMS, mas isso dificilmente acontecia. Normalmente paqueras começavam por cartas, bilhetinhos ainda na aula que um amigo entregava para guria.

O ‘bailinho’ era espalhado no boca-a-boca, nada de mailing, MSN, Orkut ou twitter. Às vezes, os mais amigos, fazia o que chamamos hoje de “aquece”. Locavam uma FITA VHS e olhavam um filme antes de ir pra festa, ou já na festa mesmo, mais cedo que os demais convidados.

Era um caldeirão de hormônios em ebulição. Quando tocava aquela musica romântica, a hora mais esperada, o primeiro corajoso escolhia a primeira guria para dançar. Tínhamos táticas de ir em “turminha” ou “solo”. Normalmente o “solo” era aquele que já tinha algum rolinho com alguma guria, aí era só convidar para dançar e tchuns… já ia uma galerinha logo em seguida. Ai de quem tirasse o cd do aparelho de som. Era exumado da festa.

Interessante também era ver como funcionava a engrenagem hormonal dos adolescentes. Primeiro você tinha que tomar AQUELA atitude de levantar a bunda da cadeira, ATRAVESSAR A SALA ou GARAGEM e ir em direção até a guria desejada. Estender a mão e falar “Vamos dançar?!” Era difícil alguém levar um NÃO. Quando a guria não tava a fim, ela dançava uma música, com o corpo bem distante do menino, e depois voltava para o lugar. Mas quando ela queria dançar era mais interessante ainda. Começávamos dançando numa distância corporal razoável e, música após música, agente ia se abraçando mais. Presumo que eram preciso quatro músicas para estar no momento “enrolado quase beijando”. E, a partir da quarta música, era um momento infinito até quando acabasse o ‘bailinho’.

Ahhh, boas lembranças desta época, onde uma dança com uma guria que você gostava representava muita… mas MUITA coisa mesmo. E o beijo então, nem sempre acontecia, mas se acontecia agente ia pra casa flutuando.

E agora? Acabou tudo isso! Acabou a graça do período pré-adolescente, pro adolescente. A libertinagem tomou conta. Nunca houve na história, índices tão altos de jovens grávidas. Perdeu-se a vergonha, perdeu-se a magia de um dos melhores épocas da nossa vida, perdeu-se o respeito, perdeu-se principalmente a inocência!