sexta-feira, 6 de março de 2009

Nos tempos do meu avô!


É inevitável a passagem do tempo, a modernização, e a deturpação dos costumes. O MTG - Movimento Tradicionalista Gaúcho – não é de hoje, preocupa-se mensalmente com isso, e através de suas coordenadorias regionais, departamentos administrativos e eventos, tenta manter viva a nossa história, sem que seja picada pelo mosquito da ganância.

Por que ganância? Você deve estar se perguntando. Ela é a responsável pelo meio que vem sofrendo a maior alteração e adaptação em função do lucro e das vendas de discos, a música gaúcha. Gravadoras e empresários unidos querem saber de lucro e mais lucro em cima do que era pra ser a nossa música tradicional, que expressava a nossa cultura.

Pense agora em três grupos da atualidade, que toquem música gaúcha, que fazem sucesso nas rádios, tocam fandangos, e usam pilcha. Difícil achar três? E cada dia tem sido pior. O fenômeno “Tchê Music” avança além fronteiras do Rio Grande do Sul, contaminando o Brasil com seu maxixe, seu “roçarroça”, e suas letras falando em descornamentos, com trocadilhos relacionados ao sexo e uma batida de guitarra irritante.

Mesmo os grupos mais antigos que sobrevivem a esse “boom” mercadista, foram obrigados a alterar uma coisa o outra em seus arranjos, em suas pilchas, para continuarem a atrair público e se manter nas paradas de sucesso.

E as futuras gerações? Como ficam nessa história? Eu diria que perdidas! Fora alguns músicos nativistas como Luiz Marenco, Cesar Oliveira e Rogério Mello, Joca Martins, Jairo Lambari, entro poucos outros que ainda salvam nossa mais remota ligação com o campo e com os nossos velhos costumes. Pouco podemos fazer, a não ser manter os registros antigos, para que não se percam no tempo junto com a nossa cultura.

Só assim meus filhos e netos poderão saber quem foram Os 3 Xirús, Os Mirins, o Conjunto Farroupilha, César Passarinho, Gildo de Freitas, Os Serranos (em sua primeira formação) e uma porção de grupos que tocavam o verdadeiro som do Rio Grande.

Nos tempos do meu avô que devia ser bom. Ele encilhava o pingo baio, colocava a melhor pilcha e ia, a cavalo, ao encontro da minha avó, que acompanhada dos seus pais, iam a um baile de campanha, de chão batido, iluminado a luz de candieiro, e por lá namoravam dançando uma ou duas marcas. Assim surgiam romances e casamentos duradouros, realmente até que a morte os separasse.

Hoje o máximo que posso fazer é “tunar” o meu carro, colocar um som ensurdecedor no porta-malas, e ao som de “Titanic... Titanic” ou quem sabe do “Créu na velocidade 5”, sair à caça de uma gatinha.

Mesmo no Estado mais bairrista do Brasil, que honra e orgulho de sua história, as tradições sofrem diariamente com as peripécias do mundo globalizado.

2 comentários:

Unknown disse...

Boa Joel!!!

so mais do nosso avos a cavalo...
do q nós com "tutchi-tutchi"... hehehe

abraço!

Juliana Job disse...

oi Joel!
também gostei muito dos teus textos, já te adicionei na minha lista dos favoritos.
vê se aparece!!
beijos