segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Quem matou Eloá?

Uma salva de palmas... Foi com esse gesto que milhares de pessoas se despediram da menina Eloá, de 15 anos, que teve sua vida interrompida após o ex-namorado Lindemberg Alves, 22 anos, mantê-la refém por mais de 100 horas em Santo André no ABC paulista.

Um jovem que sonhava em casar, se dizia apaixonado por ela, mas não entendeu o fim do relacionamento. Achando ser dono da garota, através de um sentimento possessivo, invadiu o seu apartamento, a seqüestrou, e fatidicamente a matou após ação policial.

O país se emocionou com tamanha atrocidade, com tamanha frieza de um rapaz que até então nunca havia apresentado nenhuma característica violenta. Na mira dos atiradores da tropa de elite da polícia militar paulista por mais de seis vezes, o comando da operação optou por manter a sua vida íntegra, e tentar vencê-lo pelo cansaço.

Não funcionou!


Além de não vencê-lo pelo cansaço, tentaram uma invasão frustrada, mal planejada que resultou em uma vítima fatal. Ao começar pela volta da menina Nayara ao cativeiro, algo jamais visto, permitido, ou feito por qualquer outra polícia no mundo inteiro. Seguido pela demora nas negociações.

A SWAT, polícia especializada em seqüestros dos Estados Unidos estípula como prazo no máximo 24 horas de negociações, após isso é invasão certa. A eficiência deles é tanta que em toda sua história o seqüestro mais longo durou apenas 9 horas, apenas 81 horas a menos que o caso Eloá. E outra, se o ‘delinqüente’ estiver na mira dos atiradores, na primeira oportunidade ele será alvejado.

Mas ai é que entra outra questão, o Grupo de Ações Táticas e Especiais da polícia militar, - GATE – agiu dentro da Lei brasileira. Se um disparo fosse feito e tivesse atingido Lindembeg, Eloá estaria viva, a amiga sã e salva e os policias que atiram presos e condenados por algum órgão de direitos humanos e pela mídia.

A mídia, esta, que talvez tenha grande culpa também no desfecho deste caso. Helicópteros de várias emissoras não abandonaram o espaço aéreo próximo ao prédio. A Rede Globo tinha visão de quase 360º do que acontecia em torno do local, por ter instalado câmeras em toda a volta do prédio. A Record transmitiu tudo ‘Ao Vivo’. A Rede TV conseguiu até o número do celular do Lindemberg, ligou para ele durante o programa A Tarde é Sua da Sônia Abraão, e conversou com ele por alguns minutos.

Com tudo isso, a polícia dava um passo, e Lindemberg que acompanhava ‘Ao Vivo’, sabia de tudo que acontecia lá fora. A Polícia tentava ligar para ele para negociar, e o celular estava ocupado, pois ele estava batendo um papinho com um repórter da Rede TV. Por favor né! Foi uma espetacularização totalmente desnecessária.

Será o Lindemberg o único culpado pela morte de Eloá, por seu amor infinito e sua cabeça doentia? Ou será que a polícia com toda sua inexperiência e amadorismo por o deixar tomar conta de sua situação tem sua parcela de responsabilidade? Ou ainda a mídia por toda a pirotecnia usada para transmitir o caso?

Se fosse feito isso... Se fosse feito aquilo... Se tanta coisa fosse evitada... Se... Se... Se... Agora não adianta tentar explicar ou achar desculpas, mais uma vida foi perdida, injustamente, na nossa “Pátria Amada”.

Lindemberg não está só no desfecho do caso, e pode sim, dividir a culpa com mais alguém.

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