segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Os tempos mudaram




Butiá completou seus 45 anos de emancipação política. 45 anos de independência do seu município mãe São Jerônimo. 45 anos da eterna busca de um rumo para o real crescimento.

Na realidade vale lembrar que se contarmos a partir do tempo em que Nicácio Machado e seus companheiros desbravadores, iniciaram suas pesquisas carboníferas, e as primeiras explorações de carvão no local que mais tarde se tornaria Butiá, temos aproximados 100 anos de história.

Os tempos áureos do carvão já se foram. Naquela época todos viviam o sonho mentiroso de trabalhar na mina, correndo o risco de descer para o subsolo e nunca mais voltar. A cada dia era uma nova oração para que nenhuma vida fosse interrompida antes da hora, por um súbito deslizamento, ou uma súbita explosão.

Não era um paraíso, mas todos viviam felizes, ganhavam o necessário para o sustento da família e mais os auxílios que a “Companhia” dava. A saúde não era burocrática, os pacientes eram sempre atendidos e não havia tantos problemas e reclamações como hoje em dia.

Isso tudo ficou no passado. Num passado em que a sirene tocava, e milhares de homens desciam para suas galerias, esquecendo um pouco do calor do sol. A sirene voltava a tocar, ou a luz do dia podia ser vista mais uma vez, ou ao menos um pouco de ar puro era capaz de ser respirado novamente. E se esse som, ouvido por toda a cidade, fosse acionado fora de seus horários de rotina, uma coisa era certa, Santa Bárbara recebia milhares de orações de famílias desesperadas sabidas que algo de errado havia acontecido a mais de 100 metros abaixo de seus pés.

É... Realmente isso tudo ficou no passado. Num passado em que meu avô era guincheiro na mina do R1, minha mãe e minhas tias brincavam em cima das vagonetas do trem que esperava para ser carregado e as empregadas lavavam roupas no “Açude das Águas Quentes”.

Os tempos mudaram! A cidade viveu por mais de 60 anos exclusivamente para a exploração do carvão. Já hoje vivemos em busca um novo rumo, ainda não muito certo.
Sabemos a vocação que Butiá vem apresentando nos últimos 10 anos para o setor madeireiro. Que o carvão ainda é uma riqueza presente no nosso subsolo e que muita coisa precisa ser feita.

Mas população dorme esperançosa e sonha com uma cidade que ofereça uma educação qualificada para o filho. Sonha com o emprego para ele assim que sair do colégio, não ter a necessidade de ir embora. Sonha com uma boa infra-estrutura que englobe a saúde, o saneamento, a iluminação, a segurança e dentre tantas outras necessidades básicas para se viver bem.

Em 20 anos que conheço a cidade sei que ela cresceu, evolui, mas ainda carece de muito mais, principalmente nas áreas de maior vulnerabilidade social. Quem sabe daqui a 5 anos, nas “Bodas de Ouro” do município já tenhamos descoberto o caminho certo a trilhar e iniciado a conquista do crescimento.

Este é mais um sonho, que se não se tornar real, irá perdurar no mínimo até os próximos 50 anos.

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