segunda-feira, 11 de maio de 2009

O centro vai acabar?



Centro nada mais é que a nomenclatura dada ao principal bairro de qualquer cidade, onde se desenvolve o comércio, a educação, e demais serviços públicos para uma população. Aqui em Butiá, “centro” é como a maioria das pessoas, principalmente os mais novos chamam o núcleo rodeado de bares, festas e atividades noturnas, onde a galera se encontra para tomar uma cerveja, ouvir música e passar os finais de semana.

Os anseios de amigos meus, jovens assim como eu, e até mesmo pessoas mais velhas, outras desconhecidas em saber o assunto do momento, me param na rua e perguntam:
- Joel, verdade que o centro da cidade vai acabar?

Respondi NÃO da primeira vez, um tanto surpreso com a pergunta, pois não havia entendido. Mas logo com a explicação que veio, e as repetidas indagações a dúvida passou:
- É que vão cercar a Igreja Santa Teresinha e o Banco do Brasil.

Pesquisando sobre o assunto descobri que realmente a Igreja será cercada e provavelmente o Banco do Brasil também. Será um cercamento total, para proteção do patrimônio e uma ofensiva ao combate ao tráfico no centro da cidade. Onde supostamente estes lugares seriam usados para isto.

Há tráfico de drogas no centro da cidade? Há! Todo mundo sabe, todos que saem nas ruas à noite sabem. Só que se analisarmos a situação atual da cidade, as prisões feitas nos últimos quatro anos que o próprio Jornal Sobral noticiou, é sabido que em uma suposta média, 10% da venda de drogas são feitas no centro cidade, e os outros 90% são feitos nas zonas suburbanas. E quanto ao consumo, esse é o pior dado, em toda e qualquer festa da cidade, ele está presente.

Por isso eu questiono: Cercar totalmente a Igreja e o Banco irá resolver o problema?

Primeiro: Quem cuida da questão urbanística da cidade? Já há uma rua fechada no centro da cidade em que o projeto se desenvolveu de maneira equivocada. Em vez de aumentar o fluxo de pessoas, só diminui. Se a idéia de fechar a Tv. Victor Tomé tivesse sido implantada no pico do verão, maravilha! Seria perfeita. Mas começou no fim da estação, quando as pessoas, não saem mais com tanta frequência de casa e a cada final de semana vem piorando, “correndo as pessoas do centro” como muito ouço falar.

Em segundo lugar: Com estes dois projetos na Igreja Matriz e no Banco do Brasil, acabarão os estacionamentos e, consequentemente, o movimento do centro da cidade.

Como ficam pro exemplo, os casais de família, que aos finais de tarde vão para o estacionamento da Igreja, com suas cadeiras, bater um papo, tomar seu chimarrão com seus filhos, amigos, parentes? E as crianças, que brincam e correm soltas pelo gramado? Não só coisas ruins acontecem neste lugar. É preciso analisar os dois lados.

Os olhos da população são a maior segurança que existe em cidades pequenas. Com o cercamento, as pessoas serão “corridas” do centro, pois viverão cercadas de duas gaiolas e uma rua fechada, sem graça. E o quê acabará acontecendo? “Taparão o sol com a peneira”, como diz o ditado, pois as ruas próximas serão redutos de marginais, que apenas mudarão o lugar da sua venda e tudo continuará da mesma maneira.

Deve haver o cercamento da Igreja e do Banco? Acho que até deve, sim, ajudaria a combater também os “mijões” que usam suas paredes para esconder-se e fazerem suas necessidades físicas, além de outras coisas. Mas ainda assim não da para radicalizar.

Projetos alternativos, como o talvez um cercamento parcial do terreno da matriz, deixando o estacionamento livre pode ser viável, como também qualquer outra sugestão que a comunidade venha a dar deve ser estudada.

Aliás, demais segmentos da sociedade e líderes comunitários devem ser consultados, ouvidos, suas idéias são importantes. A partir disso sim, por em prática algo que surja de um consenso e não de uma ordem. Lutamos tanto por democracia, que as coisas não podem chegar e ser impostas, ainda mais quando lidamos com um bem comum.

Há coisas erradas além do tráfico no centro, como som alto, brigas, copos jogados no chão e uma série de coisas, mas isso acontece na maioria das cidades hoje, e aqui não está sendo diferente, é mais uma questão de cultura e educação do que qualquer outra coisa.

Neste feriadão houve uma grande ofensiva quanto à venda de entorpecentes e a circulação de veículos irregulares por toda a cidade, que mesmo muitos não gostando, serve até mesmo como alerta e intimidação a quem pratica atos ilegais, mostrando que aqui não é terra sem lei.

Butiá é um patrimônio de todos, por isso, ajudar, opinar, sugerir, faz parte da rotina de qualquer cidadão politizado ou não, que nada mais quer além do bem estar do lugar onde vive e todos que estão à sua volta.

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